Shoppings de Itaquera e Leblon,
alvos de flash mobs ou rolezinhos recentes e localizados em bairros da
periferia e do centro, são territórios diferentes, mas que em comum apresentam
a espacialidade uniformizadora criada pela sociedade de consumo. Exemplo de
como espaço, território e lugar, são conceitos diversos para a análise
geográfica e sociológica de determinados fenômenos. Os jovens da periferia
parecem compreender essas distinções e contradições de forma muito mais
orgânica do que seus repressores e isso se traduz em ações que não podem ser
reprimidas sem evidenciar a arbitrariedade dos feitores da casa grande.
Se concordarmos com Zygmunt
Bauman, para quem que a opressão atual se dá pelo consumo e não só no âmbito da
produção e que também alerta para o divórcio entre poder e política, os
rolezinhos em shoppings tem um caráter mais radical do que as manifestações de
junho, no sentido exato da palavra. Vão, de fato, à raiz do problema. Ambos os movimentos caracterizam-se pela
horizontalidade organizativa, mas os jovens da periferia apresentam de fato, as
questões essenciais do mal estar contemporâneo: o consumismo e o poder real nas
mãos do capital que resultou na captura e submissão do Estado em todos os
lugares do planeta.
Os templos de consumo,
territórios de circulação pública do sujeito consumidor, mas de domínio
privado, ocuparam o lugar dos territórios verdadeiramente públicos, onde se
poderia exercer de fato alguma cidadania e que fundamentalmente, não estão
presentes na periferia. Os limites entre o imaginário de consumo da juventude
da periferia e o capital tem sua territorialidade demarcada. A reação dos
setores sociais e instituições que objetivam a manutenção do sistema já é
conhecida frente aos atuais occupy shoppings centers organizados em flash mobs.
Resta saber quais serão os próximos movimentos dos excluídos que apenas desejam
manifestar seu interesse de participar do jogo e não nega-lo.
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