segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

NOTAS BREVES SOBRE OS ROLEZINHOS EM SHOPPINGS CENTERS



Shoppings de Itaquera e Leblon, alvos de flash mobs ou rolezinhos recentes e localizados em bairros da periferia e do centro, são territórios diferentes, mas que em comum apresentam a espacialidade uniformizadora criada pela sociedade de consumo. Exemplo de como espaço, território e lugar, são conceitos diversos para a análise geográfica e sociológica de determinados fenômenos. Os jovens da periferia parecem compreender essas distinções e contradições de forma muito mais orgânica do que seus repressores e isso se traduz em ações que não podem ser reprimidas sem evidenciar a arbitrariedade dos feitores da casa grande.

Se concordarmos com Zygmunt Bauman, para quem que a opressão atual se dá pelo consumo e não só no âmbito da produção e que também alerta para o divórcio entre poder e política, os rolezinhos em shoppings tem um caráter mais radical do que as manifestações de junho, no sentido exato da palavra. Vão, de fato, à raiz do problema.   Ambos os movimentos caracterizam-se pela horizontalidade organizativa, mas os jovens da periferia apresentam de fato, as questões essenciais do mal estar contemporâneo: o consumismo e o poder real nas mãos do capital que resultou na captura e submissão do Estado em todos os lugares do planeta.

Os templos de consumo, territórios de circulação pública do sujeito consumidor, mas de domínio privado, ocuparam o lugar dos territórios verdadeiramente públicos, onde se poderia exercer de fato alguma cidadania e que fundamentalmente, não estão presentes na periferia. Os limites entre o imaginário de consumo da juventude da periferia e o capital tem sua territorialidade demarcada. A reação dos setores sociais e instituições que objetivam a manutenção do sistema já é conhecida frente aos atuais occupy shoppings centers organizados em flash mobs. Resta saber quais serão os próximos movimentos dos excluídos que apenas desejam manifestar seu interesse de participar do jogo e não nega-lo.

 

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