A câmara
municipal de São Paulo acertou ao arquivar o projeto de lei da gestão
Serra/Kassab que pretendia rever o Plano diretor da cidade. Uma revisão
limitada aos aspectos físicos da cidade, fortemente impregnada pelos interesses
do setor imobiliário, além de não representar os interesses da maioria da
população paulistana, não tinha uma visão estratégica de redução das
desigualdades históricas aqui presentes, além de desconsiderar as abissais
demandas sociais que devem ser atendidas pelo poder público.
Um novo
projeto que, inversamente, entenda o espaço urbano como um fenômeno constituído
de materialidades e imaterialidades (territórios, edificações, vias de
circulação, relações sociais, fluxos de informação, etc.), se apresenta de
forma mais adequada para enfrentamento dos desafios urbanos presentes numa
metrópole desse porte. A base para constituição dessa orientação estratégica, a
nosso ver, deve ser o próprio Plano diretor elaborado e votado na gestão da
prefeita Marta Suplicy.
Elementar
que a revisão deve considerar a dinâmica histórica que a tudo submete. Parodiando
Heráclito: a São Paulo de 2000 não é a mesma de 2013, embora se trate da mesma
cidade, assim como ocorre ao país e ao mundo. Uma população aumentada, classes
sociais que se recolocam no ambiente econômico, novas tecnologias de
comunicação e de produção, o arrefecimento da crise de mobilidade e de moradia,
são exemplos de elementos que alteram a conjuntura e impõe novas orientações
estratégicas para a gestão política de nosso município.
A
necessidade de aproximar emprego e morada, de dar primazia ao transporte
coletivo, de termos uma cidade educadora, mobilizando sinergias já presentes na
cidade mais rica do país, são objetivos presentes naquilo que a campanha
eleitoral de Fernando Haddad denominou de “Arco do futuro” e que devem estar
contempladas nesse processo revisor.
Que a câmara
municipal de nossa urbe tenha ciência desses desafios e não se apequene em meio
às entranhas da pequena política, oferecendo aos que aqui vivem as ferramentas
legais necessárias para a construção de uma cidade mais justa.
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