quinta-feira, 4 de abril de 2013

A revisão do plano diretor e os desafios da cidade de São Paulo.



A câmara municipal de São Paulo acertou ao arquivar o projeto de lei da gestão Serra/Kassab que pretendia rever o Plano diretor da cidade. Uma revisão limitada aos aspectos físicos da cidade, fortemente impregnada pelos interesses do setor imobiliário, além de não representar os interesses da maioria da população paulistana, não tinha uma visão estratégica de redução das desigualdades históricas aqui presentes, além de desconsiderar as abissais demandas sociais que devem ser atendidas pelo poder público.

Um novo projeto que, inversamente, entenda o espaço urbano como um fenômeno constituído de materialidades e imaterialidades (territórios, edificações, vias de circulação, relações sociais, fluxos de informação, etc.), se apresenta de forma mais adequada para enfrentamento dos desafios urbanos presentes numa metrópole desse porte. A base para constituição dessa orientação estratégica, a nosso ver, deve ser o próprio Plano diretor elaborado e votado na gestão da prefeita Marta Suplicy.

Elementar que a revisão deve considerar a dinâmica histórica que a tudo submete. Parodiando Heráclito: a São Paulo de 2000 não é a mesma de 2013, embora se trate da mesma cidade, assim como ocorre ao país e ao mundo. Uma população aumentada, classes sociais que se recolocam no ambiente econômico, novas tecnologias de comunicação e de produção, o arrefecimento da crise de mobilidade e de moradia, são exemplos de elementos que alteram a conjuntura e impõe novas orientações estratégicas para a gestão política de nosso município.

A necessidade de aproximar emprego e morada, de dar primazia ao transporte coletivo, de termos uma cidade educadora, mobilizando sinergias já presentes na cidade mais rica do país, são objetivos presentes naquilo que a campanha eleitoral de Fernando Haddad denominou de “Arco do futuro” e que devem estar contempladas nesse processo revisor. 

Que a câmara municipal de nossa urbe tenha ciência desses desafios e não se apequene em meio às entranhas da pequena política, oferecendo aos que aqui vivem as ferramentas legais necessárias para a construção de uma cidade mais justa.

 

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