quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

SÃO PAULO, 458 ANOS: UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA.


Às vésperas de mais um aniversário de São Paulo é necessário comemoramos a generosidade dessa cidade que nos abriga e nos acolhe, metrópole pulsante que nos faz vibrar, que nos imprime boas e más emoções, lugar que nos molda e que moldamos, onde tantos iguais lutam contra a desigualdade. É hora de parabenizar todos que a construíram e a constroem.
Mas também é o momento de refletirmos sobre os rumos que queremos seguir.
Pesquisa do IBOPE, encomendada pela Rede Nossa São Paulo para coleta dos Indicadores de Referência de Bem-estar no Município (IRBEM), constata que 56% de um total de1512 pessoas entrevistadas mudariam de cidade se isso lhes fosse possível. Para 30% desses cidadãos a administração da cidade é ruim ou péssima.
Para a compreensão desse resultado, após quase oito anos de continuidade do projeto político demo-tucano no Estado e na cidade, é necessário atentarmos para a contradição fundamental expressa no aumento da desigualdade em São Paulo ao contrário do que ocorreu no conjunto do país. Pode-se dizer que a redução da pobreza e a melhora na distribuição da renda nacional não tiveram aqui o mesmo impacto por conta das políticas públicas desenvolvidas em âmbito estadual e municipal.
Políticas de geração de empregos, renda mínimas, aumentos salariais reais implementadas nacionalmente não foram acompanhadas de melhorias na educação, saúde, transporte, habitação, entre outros serviços públicos a serem ofertados preferencialmente pelo Estado e Prefeitura. Esses serviços são elementos centrais para a redução da pobreza. Se não, vejamos a título de exemplo:
Na área de saúde, 26 distritos, em sua maior parte na periferia, têm indicador zero de leitos por habitantes.
Na área de transporte, tínhamos em janeiro de 2006, 14.846 ônibus municipais; Seis anos após houve um incremento de apenas 62 veículos.  No início do seu segundo mandato, Kassab prometeu 66 quilômetros de corredores de ônibus, dos quais nenhum foi entregue até o presente momento.
Na educação, 44,5% da demanda de creches não é atendida. Na periferia, regiões como Marsilac chegam a apresentar 50% das escolas de ensino fundamental com o chamado turno da fome. *
Déficits habitacionais, de equipamentos culturais e de lazer, entre outros, complementam o quadro de abandono a que foi renegada a maior parte da população paulistana.
A essa situação soma-se o caos urbano provocado pelas enchentes ocasionadas pela negligência histórica com nossas áreas verdes, sistemas de drenagem e escoamento de águas pluviais, a crise de mobilidade que ceifa renda dos mais pobres impedidos de trabalhar, consumir lazer. Em suma, problemas que a todos pune, mas com muito mais rigor a população trabalhadora.
Enquanto isso, os interesses da especulação imobiliária pautam as intervenções urbanas nas chamadas operações consorciadas tais como o Projeto Nova Luz, Águas Espraiadas, Barra Funda, entre outros, com o objetivo de favorecer grandes empreendimentos urbanísticos concedidos ao Capital imobiliário. **
Sem dúvida, tais opções de políticas públicas não podem se dar sem conflitos e confrontos e é aí que as forças de segurança do Estado são deslocadas para reprimir movimentos sociais, ambulantes, excluídos e todos aqueles que se opõe ou são considerados empecilhos para a realização do projeto político-urbano que atualmente está vigente em nosso Estado e cidade. A isso devemos chamar sim de higienização. A segurança do cidadão dá lugar à segurança do objetivo político a ser alcançado.
Nesse contexto, até os grandes eventos projetados para ocorrerem tornam-se pretextos para realização do lucro especulativo.
O ano de 2012 vai ser um ano de intensos debates político-eleitorais e é o momento de darmos uma solução para a contradição elementar a qual me referi no início desse artigo. É chegada a hora de reposicionarmos nossa cidade no cenário nacional e colocá-la nos mesmos trilhos em que avança nosso país e, para isso, não devemos hesitar:
Haddad para prefeito e PT na câmara municipal.


* Dados obtidos da ONG Nossa São Paulo
** Sobre a dinâmica especulativa tive oportunidade de referir-me em artigo anterior.

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