Aquartelando territórios
Indicam as estatísticas da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo que somente no mês de abril tivemos na capital do estado 3475 furtos de veículos, 2971 roubos de veículos, 89 homicídios dolosos, 8831 roubos, entre outras modalidades de ocorrências. Manchete da Folha de São Paulo, no caderno cotidiano, de 21 de maio de 2011 informa que “Guardas da USP registram um roubo ou furto por dia”. A matéria dá conta de que, no mês de abril, houve na cidade universitária 18 casos de roubo, não havendo homicídios, tentativas de homicídio ou estupro. Cabe aqui uma pergunta fundamental: Por que os indicadores de violência na USP são infinitamente mais baixos do que no restante da cidade paulista, mesmo considerando-se os diferentes contingentes demográficos que habitam ou freqüentam tais localidades?
A fatalidade que acometeu um estudante da FEA nesta semana inflamou um debate que se quer reduzir à presença ou não da polícia militarizada dentro do campus universitário. Esta não é a questão fundamental. O que deveria ser objeto de debate é o próprio caráter do policiamento que se pretende: militarizado ou comunitário, repressivo ou preventivo.
Novamente assistimos a imprensa conservadora utilizar-se de um trágico episódio para vender seus jornais e defender a visão de setores sociais, que para manutenção de seus privilégios de classe necessitam de um aparelho repressivo brutal e, para os quais, qualquer outro modelo de segurança pública não seria, para seus objetivos, eficiente.
É nesse ponto que a discussão sobre policiamento na USP toma uma dimensão política e ideológica fundamental: trata-se de, na raiz do problema, discutirmos porque ainda precisamos militarizar nossa segurança, se é fato que vivemos numa plena democracia, ou se, por não ser tão plena assim, devemos aquartelar os espaços que habitamos.
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