quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O Oriente próximo, só não se sabe do quê.



Os processos revolucionários iniciam-se com objetivos por vezes precisos, outras nem tanto, mas o certo é que nunca foi possível dizer no que vai dar. Cuba não fez inicialmente uma revolução socialista, vindo torna-se, mais tarde, uma nação em busca da igualdade. A revolução francesa e russa tiveram tantas etapas que os revolucionários de uma fase eram gulilhotinados ou enviados para a Sibéria em outra. O fato é que só o distanciamento histórico nos dá a perspectiva crítica dos acontecimentos. Pode se dizer que as miradas, quando contemporânea, tendem, muitas vezes,a serem opacas.
Dito isto, não vejo novidade no fato de que os analistas, especialistas, entre outros istas, confluam para o lugar comum da impresivibilidade sobre os movimentos que varrem o Oriente próximo. A diversidade desses movimentos também não permite generalizações. Regimes monárquicos, estados nos quais a religião é o amálgama de poder, enfrentam movimentos que em alguns casos questionam o governo, mas não a concepção de estado e de sociedade. Em outros, mudanças tão somente na política de governo.
No caso do Egito (republica), parece-me que o resultado das mobilizações até o presente momento sintetizam essa "ausência de perspectiva". Sai um ditador, entra uma junta militar. Dá para comemorar um levante que nisso resulta? De qualquer forma, Tunísia (presidencialismo pluralista), Bahrein (monarquia constitucional), Iêmen (república islâmica), entre outros, são tomados pelos ventos da mudança.
Não obstante essas considerações, alguns elementos podem ser elencados dessa conjuntura. O primeiro, e fundamental, diz respeito ao papel que os Estados Unidos teve e tem nesses acontecimentos. A crise econômica americana parece sugar a energia que o império necessitaria para manter seus aliados ditadores naquela região. Mas não só. Parte dessa energia deve ser gasta para o seu realinhamento na política internacional, provocado pela aliança sul x sul, que, não nos esqueçamos, tem o Brasil como um grande protagonista. O segundo elemento, resultante do primeiro, indica um recrudescimento do conflito Palestino-Israelense devido às medidas que o Estado de Israel deverá tomar no próximo período, em função do fortalecimento de posições mais a direita dentro do governo israelense.
É nesse quadro que a política do Itamaraty poderá fazer avançar ainda mais o protagonismo brasileiro: mediando conflitos, fazendo a critica necessária àqueles que desrespeitam os direitos humanos, incentivando o multilateralismo, sem a empáfia, característica de alguns países que grilaram o planeta e se acham donos do mundo.

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